11 March 2006

a geração celular

quantos de vocês possuem um celular?
provavelmente a grande maioria.

quantos de vocês possuem um celular com tela colorida?
creio que já não tantos, mas sei que não tanto pela questão financeira. pesquisando hoje, descubro que os aparelhos não custariam tão caro assim para quem fizesse questão dos recursos a mais.

aí é que tá: nós não usamos os recursos a mais. posso ousar perguntar quem acessa o site wap do celular? alguém, alguém? fiz esta pergunta ontem no meio de um elevador lotado no trabalho (calma, era lotado só de pessoas conhecidas) e o silêncio foi quase constrangedor.

não bastou um mês na redação e minha chefe já descobriu minha vocação nerdística. acabei ganhando, junto com a lili (que trabalha comigo), a função de ser a responsável pelo conteúdo do celular. e lá fomos nós assuntar com o gabriel, o chefe do departamento.

lili possui um aparelho de celular ainda da época da telemig. eu... bem, eu não possuo celular nenhum. tinha resolvido abdicar da história. diante do olhar de susto - e reprovação - do gabriel (que possui três linhas e cinco aparelhos de super alto nível) começamos a reunião.

não foram necessários nem cinco minutos para o pânico. sites de wap. sms chat. opera browser. ringtones. screensavers. bluetooth. alguém sabe o que é isso e como funciona? alguém sabia que tem sala de bate-papo no celular? alguém sabia que celular e internet não tem absolutamente NADA a ver?

percebendo a crueza das responsáveis pelo celular, gabriel tomou duas atitudes: a primeira, nos fazer exigir um celular para a redação. a segunda foi entregar um aparelho na mão de cada uma e nos fazer "navegar" pela rede wireless.

resultado catastrófico. saí, ao final da reunião, imaginando quantas piadas não iriam fazer quando estivéssemos fora dali.

eu juro que nunca mais vou dar risada quando minha mãe ficar com medo do computador. quando não souber onde mexer e não querer clicar. quando ficar me chamando para ajudá-la a salvar um arquivo. foi exatamente assim que me senti quando fiquei na frente do aparelhinho.

a ficha caiu quando o gabriel olhou para nós duas e soltou a frase profética: "seus pais são da geração televisão. vocês são da geração internet. as meninas com quem vocês falam são da geração celular."

(...)
medo.
espanto.
provavelmente, muito assunto para minha analista:
fiquei velha.
foi a primeira vez na vida que me senti adulta.


e não é nada mais do que a verdade. por isso a dificuldade.

vi o celular nascer e até ontem ele significava apenas a possibilidade de falar e ouvir. entrar em contato. a tendência é, das duas uma: ou virar um mini-computador para acesso a internet, ou um sistema convergente e daí daqui a algum tempo vamos dar risada das pessoas que carregavam um ipod, um celular, uma máquina digital, um palm. tudo junto numa coisa só.

incrível. tive uma aula ontem sobre todas as possibilididades. eu, lili e gabriel "viajamos" em tudo que poderia ser feito. e eu fiquei tão empolgada, mas tão empolgada, que resolvi aderir novamente ao movimento. e em alto estilo: vou ter um celular com som, vídeo, foto, mp3 e rádio.

1 comment:

Anonymous said...

Renatinha, minha santa... Mto bem tramada sua crônica! Tvz eu a surpreenda - pesquisador em uma universidade, na área de ciência da informação, coisa e tal... e ... também não tenho celular! Suponho q vc seja jornalista - bom jornalistas tvz tenham uma grande necessidade de ficar o tempo todo "logados", mas eu pergunto: como era vinte anos atrás (o que nem é tanto tempo assim...)?
Eu não tenho celular por um motivo quixotesco - não vejo utilidade num aparelhinho que nos tira a privacidade. Sempre consegui me comunicar, inclusive durante dois longos períodos fora do país, e sem a necessidade de celular algum, e sem precisar expor ao mundo minha posição no dito. Claro que não sou assim tão tolo ao ponto de dizer "nunca", mas já são... - quantos anos essa coisa existe em nosso país? - e eu continuo invicto.
E talvez continue. Para a média das pessoas, 97% da informação disponível em bancos de dados, automatizados ou não, é de pouca valia ou inútil (não são dados meus, são de uma pesquisa feita em Stanford ao longo do ano passado). A indústria cria a tecnologia e depois cria a necessidade por ela - ao fim e ao cabo, é simples assim. Por exemplo: exploradores precisam de GPS; pilotos de avião precisam de GPS; militares precisam de GPS; eu não preciso de GPS, nem no celular nem em lugar nenhum, até pq GPS´s não profissionais (como os disponíveis em celulares) são imprecisos e lidam com canais onde tansita mto "lixo". Não têm utilidade, enfim.
Bom, falei demais. Gostei de ve-la no Weblog, que anda muitooo chato! Espero q continue.
sds