sobre a perda da mão
posso dizer com alguma pouca, mas válida experiência: é muito difícil manter qualquer tipo de relacionamento pessoal no seu ambiente de trabalho. pelo menos quando a relação de trabalho envolve algum tipo de contato direto e de uma suposta hierarquia.
das duas uma: ou esforça-se profundamente para o suprimento de um dos tipos de relacionamento (normalmente o pessoal) em favor do outro (o profissional) ou deixa-se a coisa embolar de um jeito tremendo e, quando já se viu, a corda rompe, a amizade/amor/carinho/ou o sentimento que houver rompem e ... bom, daí eu ainda não sei o que pode dar disso tudo.
o fato é que não tem saída fácil. palavra.
no primeiro caso, a decisão a favor de um tipo de relacionamento sobre o outro implica automaticamente o enfraquecimento - quando não anulação - da sensação de realidade de um deles. é uma das coisas mais tristes do mundo quando sente-se que se viveu duas vidas paralelas e distintas com a mesma pessoa. e, pior, sem saber qual das duas é a real. quais são as lembranças que devem ser mantidas. a qual título uma pessoa deve ser associada na história de nossa vida: chefe/ colega de trabalho /etc ou companheiro/pai /amigo/ namorado/marido/etc.
no segundo caso, sinto que é como um andar em uma linha fininha. é difícil - mas possível - que as coisas não se misturem. mas a qualquer eminência de desequilíbrio um certo medo angustiado é quase inevitável. entendo a dificuldade de se lidar com algumas expectativas. e entendo que a proximidade entre dois amigos/companheiros que por acaso trabalhem juntos revela fatos que nunca passariam pela cabeça de um chefe. mas usar-se deles como argumentos profissionais é um pouco amedrontador prá mim.
mas, pelo menos, existe uma outra - e nova - visão no meio da bagunça. hoje sei que em nenhum dos dois casos a confusão é necessariamente minha. seguríssima de mim - e do que ando fazendo, do que fiz, da parte do problema que não cabe a mim -, mesmo com os fatos tão frescos, tenho toda a suavidade para passar um dia tranquilo e dormir sem problemas.
mesmo sabendo que o confronto uma hora vai acabar chegando e que, já que está sendo tão difícil achar a linha divisória entre uma coisa e outra, quem vai ter que delimitá-la sou eu mesma.
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