28 November 2006

la-la-la

é, né, ficou meio chato.
não, a vida não está chata não, tem um monte de coisa acontencendo, coisa boa sim, e acho que é por isso que eu não preciso mais escrever.

no fundo, escrever num blog tem um tanto a ver com o olhar do outro. sim, porque a gente fica tanto tempo sentado dentro de uma sala com tudo fechado em volta trabalhando - não estou reclamando, não, eu odeio lidar com gente no trabalho, aliás -, e com tanta coisa acontecendo, reparando, sentindo... que daí dá uma certa angústia não ter com quem falar, pra quem mostrar...

e daí agora eu tenho tanta coisa cabendo dentro de mim que está tudo bem. tudo bem, médio, eu gosto muito desse blog aqui e de dizer e de falar. mas tô arranjando espaço aqui. então estamos indo bem. só o blog que talvez esteja um pouco falidinho.

uma vez nas minhas andanças por entre pensamentos, cheguei à conclusão de que amar é conseguir ver/mostrar para pessoa que escolhemos o que temos dentro de nós. neste dia eu amava, e me enchi de coragem pra me mostrar em um monte de coisas pra pessoa que eu amava. era uma noite comum, mas fazia frio e a gente se encontrou no meio da rua, indo um ao encontro do outro. não sei se ele tinha compreendido, mas parecia que tinha percorrido os mesmos caminhos que eu. o sorriso, de longe, tinha me dito. e daí a gente foi jantar e tomar vinho e conversar e ficar um pouco em silêncio. me lembro perfeitamente deste dia comum - e não precisei descrevê-lo no blog.

nos mostrar ao vivo requer segurança da pessoa que somos. é muito mais fácil (e humano, e compreensível, no sentido sensível da palavra) nos colocarmos atrás de filtros, nos mostrarmos como achamos melhor sermos vistos (ou como gostaríamos). um blog faz isso muito bem. mas também serve ser intransponível, inacessível, ou blasé. ou justamente o contrário.

falava hoje com uma pessoa sobre o que significava a (minha) solidão. apesar da palavra assustar um bocado, ela significa uma renatinha num estado de serenidade. quando as sextas-feiras deixam de ser bode pra virarem "o-dia-de-aproveitar-minha-casa", algo está mudado.

e é esta mudança que, apesar de inconstante, imatura, tem me feito precisar menos de olhares alheios. é como se aquela noite especial - de se mostrar - acontecesse todas as noites (ou quase todas), com ou sem pessoa amada. eu e meus pensamentos nos bastamos. sem blog.

1 comment:

Anonymous said...

Mas tipo, tu não vai acabar com o blog não, né! Eu gosto tanto de ler vc!