gringous
alguém se lembra do neil? e do will?
o neil e o will foram dois sul-africanos que ficaram na minha casa em... em... bom,não me lembro quando. faz alguns anos. faz tantos alguns anos que descobri que o will estava na indonésia durante o tsunami e o neil estava em londres numa festa vestido só de toga, dentro duma igreja invadida.
são (pelo menos eram) dois meninos legais. dois sul-africanos brancões - descendentes de ingleses, acho -, engraçados e ... bem, gringos, empolgados. convivemos intensamente durante as duas semanas que ficaram em casa. foi a última vez que curti ser babá.
hoje saí para o bloco final do carnaval. um pouco cansada demais, empapuçada demais de tanta cerveja, mas nada que um "mamãe eu quero, mamãe eu quero mamá!" não resolvesse. animação a postos, vamos lá. bloco do bip-bip.
como o bip-bip fica em copacabana, a quantidade de gringos é imensa. e gringos + copacabana não é a melhor associação possível (fiquei mais certa disso depois que pasei na frente do help club e discoteca, recheado de prostitutas - e clientes dos quatro cantos do mundo). mas, no meio da folia inocente (bip-bip) descobri quatro caras que reproduziam fielmente a fisionomia da dupla que hospedei. são sul-africanos, pareciam legais, chamaram a atenção.
eu, que estava dando atenção, acabei virando voyeur. junto com a fê, observei os gringos - repetindo, eram quatro - fazerem um conversê danado com uma menina que vendia cerveja. e vai que chega um, leva o isopor, chega o irmão mais novo, chega o outro, um sai, outro vem. a garota vai embora. volta com uma amiga. depois volta de novo. e a gente indo de um lado para outro tentando acompanhar.
até que em um determinado momento - nada ainda concretizado, apesar de nossa certeza de que havia algo de podre no reino de copacabana - um dos gringos veio me rodear. travei. afinal, quem estava olhando - sem parar - era eu mesma. olhei para o tuba - já bravo, pois ao me rodear, o suposto sul-africano rodeava a fê também - e não desviei o olhar.
o gringo, sem sucesso com sua voyer, foi embora. nós também. afinal de contas, já eram mais de três da manhã e o ritmo de bloco todo dia o dia todo tem uma hora que cansa. até a curiosidade de saber o que aconteceu no final das contas cessou. melhor: existem histórias que são melhores a gente não saber o fim.