28 February 2006

gringous

alguém se lembra do neil? e do will?

o neil e o will foram dois sul-africanos que ficaram na minha casa em... em... bom,não me lembro quando. faz alguns anos. faz tantos alguns anos que descobri que o will estava na indonésia durante o tsunami e o neil estava em londres numa festa vestido só de toga, dentro duma igreja invadida.

são (pelo menos eram) dois meninos legais. dois sul-africanos brancões - descendentes de ingleses, acho -, engraçados e ... bem, gringos, empolgados. convivemos intensamente durante as duas semanas que ficaram em casa. foi a última vez que curti ser babá.

hoje saí para o bloco final do carnaval. um pouco cansada demais, empapuçada demais de tanta cerveja, mas nada que um "mamãe eu quero, mamãe eu quero mamá!" não resolvesse. animação a postos, vamos lá. bloco do bip-bip.

como o bip-bip fica em copacabana, a quantidade de gringos é imensa. e gringos + copacabana não é a melhor associação possível (fiquei mais certa disso depois que pasei na frente do help club e discoteca, recheado de prostitutas - e clientes dos quatro cantos do mundo). mas, no meio da folia inocente (bip-bip) descobri quatro caras que reproduziam fielmente a fisionomia da dupla que hospedei. são sul-africanos, pareciam legais, chamaram a atenção.

eu, que estava dando atenção, acabei virando voyeur. junto com a fê, observei os gringos - repetindo, eram quatro - fazerem um conversê danado com uma menina que vendia cerveja. e vai que chega um, leva o isopor, chega o irmão mais novo, chega o outro, um sai, outro vem. a garota vai embora. volta com uma amiga. depois volta de novo. e a gente indo de um lado para outro tentando acompanhar.

até que em um determinado momento - nada ainda concretizado, apesar de nossa certeza de que havia algo de podre no reino de copacabana - um dos gringos veio me rodear. travei. afinal, quem estava olhando - sem parar - era eu mesma. olhei para o tuba - já bravo, pois ao me rodear, o suposto sul-africano rodeava a fê também - e não desviei o olhar.

o gringo, sem sucesso com sua voyer, foi embora. nós também. afinal de contas, já eram mais de três da manhã e o ritmo de bloco todo dia o dia todo tem uma hora que cansa. até a curiosidade de saber o que aconteceu no final das contas cessou. melhor: existem histórias que são melhores a gente não saber o fim.

27 February 2006

carnaval - parte 2 (ou o boitolo)

preciso cuidar para não me empolgar. ontem, no calor das tantas (tantas mesmo) cervejas tomadas eu quase tento arranjar um emprego no rio. quase me mudo de vez prá cá. enfio o pé na areia, fico olhando o pôr-do-sol e não saio nunca mais.

claro que tudo é tão mais fácil quando se é carnaval, quando você está num apartamento de frente para o mar e tem alguém fazendo ovos mexidos no café da manhã. tudo seria mais difícil no quitinete em botafogo, trabalhando com os cariocas e tendo que ouvir piadas meio bestas. tudo seria bem mais fácil se houvesse um cordão do boitolo nascendo toda vez que eu viesse prá cá. como não tem, eu fico com são paulo, minha cidadezinha-zona, meu apartamento lilás com meus lustres todos novos e minha camona de casal recém-adquirida, o zumbidinho gostoso, o calorzinho bom de voltar prá casa no fim do dia de trabalho.

mas calma. voltemos ao boitolo. eu explico. a história é boa.

dez da manhã quando a fê acorda assustada, dizendo que íamos perder o bloco do boitatá, este sim um bloco tradicional do rio. praça XV. centro. fantasias obrigatórias. "muito legal", proclamam os experientes. café da manhã em 15 minutos, ônibus, praça XV. e nada.

andamos de um lado pro outro sem encontrar nada. já estávamos nos convencendo que havíamos sido enganados - e pensando na praia - quando passamos por duas meninas vendendo cerveja (uma delas a bibi, que acabei descobrindo ser o meu novo nome - coisas da bebedeira do dia anterior) e paramos para assuntar. "aí, não sei onde tá tendo bloco não", soltou uma no maior carioquês. "ali na frente tá tendo um bloco, maix acho que é só de camelô", soltou a minha xará.

fomos andando.

de repente, uma pequena confusão, uma entrada, uma travessa e algumas pessoas fantasiadas. oba, vamos lá. à medida que íamos nos aproximando, o que antes era um barulho se tornava cada vez mais o som das marchinhas de carnaval. um razoável grupo de pessoas se aglomerava em volta de um "soprador solitário". achando que havíamos encontrado o tão procurado bloco, já abrimos o sorriso. que só ficou maior ainda quando descobrimos que um novo bloco havia sido formado pelos órfãos enganados do boitatá. "o boitatá não apareceu, então a gente criou o boitolo". e viva o boitolo. ou seria boicotá?

o nome foi eleito através do voto popular (uma placa de papelão disponibilizava as duas opções) enquanto o bloco dava voltas e voltas pelo centrinho do rio, enquanto a gente ia cantando todas as músicas, enquanto eu me empolgava mais e mais e dançava do lado da banda, atrás da banda, perto da banda, Bibi Fonfon, carnavalesca recém-batizada.

eram 3 e meia da tarde quando o pessoal resolveu ir embora. eu iria atrás do boitolo prá sempre, cantaria todas as marchinhas (aprendidas na marra por osmose), aprenderia a tocar pandeiro, seria a menina da cordinha.

é só uma pena que o carnaval acaba, que o santo da folia sai do corpo e que a gente deixa todo o estupor de lado. ou não. talvez seja bom. dá um gostinho de espera, espera pelo boitolo, espera por conseguir colocar prá fora um grito meio que constante, que é essa alegria instantânea de carnaval (delícia).

e, a propósito, fomos hoje no boitatá. que, nem de perto, foi tão legal quanto o boitolo. não aguentei mais de dez minutos e voltamos prá praia. o dia foi inteiro de pé na areia.

(o pôr do sol continua lindo, mas me deixa com saudades da minha cidadezinha-zona, do amarelinho que eu só consigo achar tão lindo por lá).

e, assim sendo, viva o carnaval. e viva os jacarés e os resgates de redinha.
viva a pausa.

26 February 2006

carnaval

pausa do meio da vieira souto (sim, apartamentão aqui) prá dizer:

o carnval do rio está sendo fantástico. me lembrando o ride palhaço quando a gente cantava em blocos:

"oh quanto riso, ó, quanta alegria,
mais de mil palhaços no salão,
o pierrot está chorando pelo amor da colombina
no meio da multidão..."

- chega! - a fê acaba de me dizer.
minha cota de internet do feriado is over :0

21 February 2006

19 February 2006

no marriage

"Fucking decent mid-priced whores twice a week is less expensive than a wife"

é isso, entre outras, que prega o tal site americano www.nomarriage.com, que tenta convencer os homens que:

1. o sexo acaba após o casamento
2. qualquer homem americano pode conhecer uma mulher estrangeira e ter uma vida feliz com ela
3. os homens não deveriam pensar em se casar e ter filhos antes dos 40
4. qualquer "puta baratinha" duas vezes por semana é mais barato que ter uma esposa.



uma vez eu voltava do almoço e andava na frente de um grupo de uns 3, 4 caras. ouvi um deles dizer que "ah, pô, é mais barato que levar uma mulher prá jantar".


(...)
poisé. e eu aqui reclamando da vida.


Letter-writing is good!

LETTERFU!

que parte eu perdi? (vol. 2)

que parte minha eu perdi esta noite prá ter acordado assim?
(que raios de ferida é essa que não fecha nunca?)

18 February 2006

que parte eu perdi?

que parte do tal filme brokeback mountain que faz todo mundo chorar? e os amigos do amigo que não pararam de esguelar nenhum minuto? me digam, por favor, que ou sou insensível demais ou realmente assisti a uma versão editada.

só pra constar: tem uma propaganda da gelol me despertou as mais profundas lágrimas. e eu sempre choro numa série de tv muito bagaceira (nem digo o nome) que fala de anjos.

mais clarice

tá ficando chato, mas olha que legal. li depois que eu escrevi aquilo que estava aqui:

"A moralidade. Seria simplório pensar que o problema moral em relação aos outros consiste em agir como se deveria agir, e o problema moral consigo mesmo é conseguir sentir o que se deveria sentir? Sou moral à medida que faço o que devo, e sinto como deveria? De repente a questão moral me parecia não apenas esmagadora, como estremamente mesquinha. "

quando eu consigo entender a dona clarice lispector eu gosto dela. pena que isso só acontece em alguns poucos trechos do livro, hihihihi.

17 February 2006

por outro lado...

por mais improvável que pareça, estou lendo um livro da clarice lispector. sim, improvável porque não é bem o tipo de livro que eu mais gosto. o tipo de livro que parece que o autor tomou drogas antes de escrever. cada vez mais percebo quanto funciono linearmente - pelo menos a linha de pensamento no caso da leitura - e em como não consigo entender grandes viagens literárias. acho que sou mais a favor do exemplo. (pode desenhar?)

anfam. se eu consegui entender direito até agora, ela diz uma coisa que é interessante. não sei se vai ficar claro, mas vou tentar:

ela escreve que estamos pensando sempre no futuro. em como vai ser bom quando isso acontecer, naquilo outro. tem a ver com a morte, pois também podemos imaginar a morte. não podemos imaginar a vida, que está acontecendo a todo instante. logo, a vida é nada. é um nada. [!!!] . o futuro é a esperança, mas deveríamos matar também a esperança, para vermos se conseguimos viver o presente, sermos alegres no presente, aproveitarmos esta vida que temos.
não que isso tenha a ver literalmente com comer uma barata [ela come uma barata morta no livro, irrc], mas talvez seja isso de aproveitarmos tudo, até o imundo da vida.

não sei se há alguma moral. nem sei se eu entendi direito [estudiosos da doidona lis... , ops, digo, clarice lispector, me avisem se é isso mesmo], mas foi isso que entendi até agora. depois que eu terminar de ler o livro eu vejo se confere.


só porque este blog estava completamente sem fotos e o jantar mantar é um dos lugares mais lindos que eu já fui na vida.

action

acho que preciso de um pouco mais de tempo para escrever sobre isso (são 7 da manhã e eu preciso ir trabalhar) mas antes que eu me esqueça, gostaria de deixar registrado. quem sabe eu leio depois e sossegue.

tem coisas com as quais não adianta tentar brigar. são muito mais fortes que você, muito mais poderosas. (...) ok, ok, o velho papo do não se entregar para a tristeza nunca. concordo. mas há coisas contra as quais a simples ação não resolve.

ir embora nunca resolverá um problema de falta de identidade. ou qualquer outro problema. morar com outras pessoas não resolverá o problema da solidão. ameniza? esconde? sofrer prá quê? não é bem por aí. uma ação neste caso será sempre algo um pouco mais imediatista mas que não resolve o problema por completo.

acredito que viver é também conseguir suportar e guardar espaço para as coisas ruins, tentando entendê-las até que elas saiam naturalmente de dentro e parem de fazer parte da tua vida.

ando um pouco impaciente. e a impaciência me dá uma sensação de que não posso contra o mundo. que tanto tempo já passou e as coisas não caminharam junto. mas não é bem verdade. a verdade é: estou impaciente.

então não vou me mexer muito. tem uma agulhinha aqui dentro e, por mais que doa, preciso aprender a conviver com ela.

14 February 2006

vovó + (-) um celular (+) um rombo no carro

ia começar falando de como o fim de semana na casa da vovó lena me faz bem. em como é difícil morar sozinho numa cidade como são paulo quando sua família não está aqui. conversando com a nana outro dia, ela matou a charada: o problema é a família. a família faz com que os dias sejam muito mais tranquilos, que o domingo seja muito mais agradável. e eu estava muito feliz porque descobri a solução: domingos em são paulo, só em vinhedo.

é que os domingos em vinhedo são muito simples. o domingo típico é almoçar com minha vovó e seu namorado (ela tem um "amigo colorido") e passar a tarde jogando tranca com eles. visitar o chico, o tio chico e a fernanda. depois voltar no fim do dia e ir ao cinema com alguma companhia boa e com a sensação de que os domingos não são tão difíceis assim.

eu ia falar desta descoberta boa, mas estou triste. fui roubada ontem à noite, quando voltava dum curso que estou fazendo na maria antônia. dois marmanjos vieram atrás de mim com uma faca e "pediram" o celular. pelo menos foi só o celular, não a bolsa. pelo menos o celular não valia nada. pelo menos não fizeram nada contra mim. mas o susto é grande e a sensação ruim nem dá para explicar (ou dá, mas não sei se quero fazer uma descrição dela aqui, me prometi que não ia matutar sobre assuntos ruins).

um guardador de carro anjo me emprestou o celular e foi comigo até o meu carro, na sabará, para encontrá-lo arrombado, com a porta dobrada. o choro aumentou quando fiquei sozinha. a sensação foi mais ou menos a mesma do hospital no dia em que bati o carro.

enfim. pelo menos não levaram o ipod nem o livro que eu ganhei ontem. coincidência que os presentes ficaram. e, de lição, ficou um sinal de que realmente ainda não é a hora de ir borboletar por higienópolis tarde da noite. são paulo não é difícil só nos fins de semana.

09 February 2006

g.h.

"Ontem no entando perdi durante horas e horas minha montagem humana. Se tiver coragem, eu me deixarei continuar perdida. Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação. Como é que se explica que o meu maior medo seja exatamente em relação: a ser? e no entanto não há outro caminho. Como se explica que meu maior medo seja ir vivendo o que for sendo? como é que se explica que eu não tolere ver, só porque a vida não é o que eu pensava e sim outra - como se antes eu tivesse sabido o que era! Por que é que ver é uma tal desorganização?" - c.l.

08 February 2006

algo muito pessoal

passado o momento das dores desesperadoras, quando você já consegue sorrir um pouco mais e apreciar genuinamente as coisas pequenas e sutis que acontecem na sua vida você pode se confundir um pouco e achar que está tudo bem.

melhor do que antes está. tudo bem, ainda não.

os problemas mudam um pouco, mas são misturados e de modo nenhum separados em partes ou categorias. da minha experiência (e só posso saber dela pois não sou nenhuma especialista em dor, nem teórica nem prática - ufa) posso contar que a solidão tem sido meu maior problema. não é a falta de ninguém, nem a lembrança de momentos vividos de felicidade e completude. é justamente a falta deles e, talvez, melhor ainda, a sensação de incapacidade de sentí-los novamente. conseguir separar e identificar meu inimigo real foi um grande passo para o começo de minha "recuperação".

ao mesmo tempo em que me sinto só e sei que este é O problema, não posso dizer que deixei de viver meu pequeno "lutinho". perdi alguém que me era muito caro e, infelizmente, minha capacidade de dar prosseguimento à vida como se nada tivesse acontecido não é tão desenvolvida: se consigo, de um certo modo, relativizar o tamanho do vazio deixado por esta perda, tenho tido alguns muitos problemas em preencher este mesmo buraco. meu único consolo é que sei que, quando passar, passa tudo de uma vez. eu me conheço e este buraco já foi deixado vazio antes. menorzinho, mas foi um buraco. e foi preenchido.

até tudo isso acontecer, resolvi me acalmar e ir em frente. o tempo não espera que eu resolva meus problemas para conduzir a vida. meu lutinho dorme e acorda, dorme e acorda. dorme quando me apercebo das coisas felizes - que têm sido muitas. dorme quando me apaixono, mesmo que por algumas semanas. dorme quando me sinto tão forte e grande e poderosa e, consequentemente feliz, que acho que posso dominar o mundo. mas é justamente nestas horas que meu "lutinho" acorda novamente, como que para me lembrar de que ele existe: através de sonhos, ou quando cruzo uma pessoa no corredor do trabalho, ou apenas por um cheiro, uma imagem, uma lembrança que vem do nada. nestas horas eu corro para o banheiro e choro, um choro intenso, sonoro, triste. mas curto. e daí depois eu respiro fundo e volto prá vida, que eu sei que ela não vai me esperar.

06 February 2006

padrões

certos padrões de comportamento são conhecidos como qualidades. assim, se alguma pessoa é sempre generosa, generosidade vira sua própria qualidade. no entanto, alguns padrões de comportamento devem ser tratados meramente como padrões de comportamento. possuem uma característica tão insossa (outra qualidade/defeito, mas não vem ao caso).

tudo isso para contar do meu último padrão de comportamento: a minha incrível capacidade de acordar exatamente um minuto (não mais, não menos) antes do horário em que meu despertador está programado para tocar.

02 February 2006

quem falou que funciona?

o lado garota enxaqueca resolveu aflorar. tá tudo bem: trabalho ótimo, vida pessoal melhor ainda, família excelente, amigos não preciso de melhores. mas vender minha mesa que é bom, nada.

e tomara que eu não me lembre do nome do indivíduo que me disse que valia à pena dar todos os meus dados para o mercado livre para conseguir vender o trambolhão que habita minha sala. porque senão vou mandá-lo ir para o mercado livre ver se ele consegue vender a sogra. a vovozinha. o diabo que o carregue.

tudo bem: meu produto não é muito, digamos, vendável. comprei uma mesa tamanho GGG numa liquidação, pensando em como estava sendo esperta. estava para montar um escritório e a mesa fazia todo o sentido. formato em L. furos prá fios dos computadores. design anatômico. perfeita para o espaço que iria ocupar. bem dito: que iria. não ocupou. a vida deu mais uma volta e eu não montei o bendito escritório. mas tive que ir retirar a mesa na loja depois de me ameaçarem umas três vezes de que se a deixasse lá ela seria doada de volta para eles mesmos.

a mesa veio para o já atulhado apartamento mas a espertinha aqui pensou: xananan! vou vendê-la novamente! e qual a melhor maneira? mercado livre! funciona nos estados unidos. funciona na inglaterra (até tinha um amigo que checava o e-bay* todos os dias, com a mesma naturalidade com a qual eu checava meus emails). "é isso, a internet é o canal", pensei. as compras pela internet crescem assutadoramente por ano. muitos usuários. etcs e mais etcs que leio no jornal todos os dias e que deram mais credibilidade ao negócio online.

não vou contar que não vendi a mesa. isso já ficou claro. mas vou acrescentar que meu produto foi um fracasso total. que, além de não conseguir um lance (o mercado livre funciona na base de lances, como se fosse um leilão), ainda me ofereceram trocar minha mesa por um cão rotweiller! poxa, se no meu apartamento não cabe uma mesa, o oque deve ter na cabeça do sujeito que me ofereceu um rotweiller? talvez apenas ração. ou cocô mesmo. de rotweiller.

a mesa continua aqui. meu computador está sobre ela. meu computador, meu som, meus cds, algumas roupas, almofadas, livros, canetas, pacotes. cabe tudo aqui. mas ela está à venda. pelo mercado livre ou não. se alguém quiser, é só me dizer. mas já aviso já: não aceito um rotweiller em troca. nem um dogue alemão. afinal, é sempre bom lembrar que meu apartamento tem menos que 60 m2.

*ebay: versão em inglês do mercadolivre. ou melhor: vice-versa, o mercado livre é que é a versão em português do ebay.

01 February 2006

antes de mais nada

o texto abaixo foi um "estudo".
publiquei porque tenho bloqueio quando escrevo num word. a única maneira que escrevo com certa fluidez é quando vai prum blog. pá-pum. ou no meu diário de textos estranhos super ultra secreto, que ninguém vai ler.

pronto. e não dá pra contar mais nada porque sempre que eu conto alguma coisa antes de acontecer, ela não acontece.

Coisas que eu já fiz na frente de uma câmera

Calma, não é para se assustar com o tema deste post. Não sou loira, nem alta, nem a Paris Hilton. Para quem não sabe, Paris Hilton é a filha de um multimilionário americano que ficou famosa ao ter as suas, er, bem, digamos, "intimidades" com o namorado gravadas e (bem mais do que) divulgadas pela internet.

Pois bem. Há coisas muito mais legais – e inofensivas – que podem ser feitas com a ajuda de uma webcan. Como, por exemplo, os videologs. Vamos lá, ao funcionamento: é o mesmo de um fotolog só que, ao invés de fotos, você publica… tchananan! … seus vídeos. Além disso, querendo se exibir mais um pouco ainda dá para usar a câmera para ver – e ser visto – nas conversas pelo messenger. Ou ichat. Ou AOL. Icq. Yahoomessenger. Google talk. Não-sei-mais-oquê-talk-messenger-etc. E por aí vai.

Pois bem. Já que paguei caro, tento tirar o maior proveito da minha mini câmera. Inclusive me vingando de um cara do ex-trabalho para ganhar uma aposta (nossa, me senti o diabo agora). Mas a história é boa e vale a pena contar. Meus netos, pelo menos, um dia vão ouvir.

Conectei a câmera do meu msn com alguns amigos e falei: "duvidam que eu faça o Infeliz* dançar a macarena para vocês?" Ninguém acreditou como ainda me ofereceram alguns (poucos) reais caso conseguisse concretizar a tarefa. Deixei a câmera posicionada. Chamei a vítima. Inventei alguma história cabulosa do tipo estar testando uma nova versão para a macarena para minha aula de dança africana (?!?) e que precisava de ajuda para testar uma versão baseada nos movimentos rítmicos do tambor (?!?). E é claro que, depois de tanto blábláblá africano, ele mordeu a lança, ops, digo, a isca. Pois bem: lá se foi um "HEEEEY MACARENA" para uma audiência recorde no meu msn (o ibope mediu 10 pessoas do mundo todo conectadas ao meu showzinho). Faltou o som, faltou o reprise (super solicitado), mas calma lá, precisamos lembrar também que eu estava em um escritório, não num estúdio de gravação.

Mas daí entra um problema. Como as câmeras já estão mais do que incorporadas ao dia-a-dia de algumas pessoas (internérdicas como eu), corre-se o risco de esquecer-nos delas. Tomar cuidado para não ser alvo do próprio veneno. E se lembrar sempre da máxima de que dia é da caça, outro do caçador. Ficar atenta é sempre bom. Tomar cuidado para não mandar beijos para um, enquanto a câmera estiver ligada com o outro também é uma boa idéia. Pentear o cabelo antes de ligar o computador, outra. Dancinhas bestas não são mais permitidas (será?). Pois eu quero ver agora quem vai sentar na frente do computador com aquele pijama de anteontem e com olheiras da balada. Para estas corajosas eu tiro o chapéu. (E desligo a câmera).

E aí. Aonde será que vamos chegar com tudo isso? Por que do lado de cá eu me pergunto se daqui a pouco não vão acabar inventando um "cheiro para web" e até perfume vamos ter que escolher antes de ligar o computador.

Haja tecnologia.

* Os nomes foram modificados para preservar a identidade do moçoilo.